Casa histórica de Osório
A Casa Histórica de Osório, assim designada por ter sido residência do General Manuel Luís Osório, o Marques do Herval, nos dois últimos anos de sua vida (1877-1879), quando assumiu os postos de Senador do Império e Ministro da Guerra, está localizada na região central do Rio de Janeiro/RJ, na Rua Riachuelo, n.º 303.

Antecedentes da Rua Riachuelo
Laryssa Luz, pesquisadora, bolsista técnica da FAPERJ
Ao longo dos anos, a atual Rua Riachuelo recebeu diversos nomes, entre eles, Caminho do Engenho dos Padres, Caminho para a Lagoa da Sentinela, Caminho da Bica, Caminho de Mata-Cavalos, Estrada de Mata-Cavalos, Rua de Mata-Cavalos.
Surgido no século XVI, pela necessidade de interligar o núcleo da administração da cidade, localizado no Morro do Castelo, aos arrabaldes de São Cristóvão, este caminho tornou-se testemunha ocular das transformações culturais, políticas, econômicas e urbanas do Rio de Janeiro, preservando a identidade carioca e nacional.
Estendia-se desde os Arcos, entre os morros do Desterro (Santa Teresa) e de Santo Antônio, até a altura da antiga Lagoa da Sentinela (atual Rua Frei Caneca), nas imediações do antigo morro do Senado, por um lado, do Neves e de Paula Mattos, por outro.
Nele estava localizada a antiga Chácara da Bica, com uma fonte de água que servia aos moradores da região e aos viajantes que ali passavam, adquirida pelas irmãs Jacinta e Francisca Rodrigues Ayres, que nela ergueram, em 1742, a Capela do Menino Deus (reconstruída em 1925), dando origem, mais tarde, ao convento de Santa Teresa .
Um de seus nomes mais famosos “Mata-Cavalos”, assim foi denominado por ser uma via de muitos lamaceiros, dificultando o trânsito de animais, como os cavalos que ali passavam e acabavam ficando atolados.
Em 24 de outubro de 1848, tornou-se, oficialmente, Rua de Mata-Cavalos.
Em 1865, o nome passou a ser Rua Riachuelo, em homenagem à vitória alcançada pela esquadra brasileira no combate naval do Riachuelo, afluente do Rio Paraná, durante a Guerra do Paraguai.
A Rua Mata-Cavalos ambientou uma das Obras mais importantes da literatura brasileira, o livro Dom Casmurro, de Machado de Assis, publicado em 1899. Bento de Albuquerque Santiago, o Bentinho, e Maria Capitolina Santiago, a Capitu, suas personagens principais, nela residiram quando crianças.
O autor localiza a rua: “Fui, cheguei aos Arcos, entrei na Rua de Mata-Cavalos. A casa não era logo ali, mas muito além da dos inválidos, perto da do Senado”.
Por se tratar de uma área residencial e comercial bastante requisitada, por sua posição estratégica, desde seus primórdios abrigou moradores ilustres, médicos, advogados, padres, comerciantes, em chácaras e casas com belos jardins.
Ao longo do século XIX, deu lugar a grandes construções e palacetes, como o de Francisco Bento Maria Targini (1756-1827), Visconde de São Lourenço e Comendador da Ordem de Cristo, localizado na esquina da rua Mata-Cavalos com a dos Inválidos (atualmente em ruínas).
Em 1818, em representação a D. João VI, os moradores de Mata Cavalos e ruas vizinhas, pediram a interrupção das obras de nivelamento que estavam causando prejuízos as suas propriedades, devido ao entupimento das valas, e risco de vida da população.
Com o desenvolvimento da região, em 1862, em seu percurso foi instalada a Imperial Fábrica de Cerveja Nacional de Alexandre Maria, localizada no antigo n.º 27, que contava com apresentações musicais como forma de entretenimento para a população.
Em 1870, transferiu-se definitivamente para a Rua Riachuelo o Hospital do Carmo, pertencente à Venerável e Arquiepiscopal Ordem Terceira de Nossa Senhora do Monte do Carmo.
Por ela passavam várias linhas de bonde. Também partia dessa rua o plano inclinado, ou funicular, que conduzia ao Largo dos Guimarães, em Santa Teresa, de 1877 a 1926.
A compositora da clássica marchinha de carnaval “Ó Abre Alas”, Chiquinha Gonzaga (1847-1935), foi uma de suas moradoras mais singulares.
“Berço da arte popular carioca, na Rua Riachuelo está localizado o clube dos “Democráticos Carnavalescos”, desde 1931, uma das mais antigas e irreverentes agremiações carnavalescas da cidade em atividade.
Nos últimos anos, seus prédios tem sofrido diversos tipos de depredação e descaso.
Do período colonial são remanescentes, raros, as casas geminadas do tipo porta-e-janela, números 354 e 356. Acredita-se que no n. 354 tenha residido Francisco Alves, mais conhecido como o Rei da Voz.